sábado, 27 de março de 2010

Mestre "Giallo"


Dario Argento: "Arte e reflexão de arte, cinema e reflexão de cinema" – O primeiro plano de O Pássaro das Plumas de Cristal pode facilmente, como aliás também podem várias outras de filmes posteriores, ser considerada a carta de princípios do cinema de Dario Argento: um indivíduo usando um chapéu largo e uma capa de couro escura escreve à máquina. Terminado o trabalho, a estranha figura puxa uma folha com um nome feminino e um endereço. Trata-se do assassino que assolará Roma nos próximos noventa e cinco minutos do filme, e o que acabou de escrever diz respeito a sua próxima vítima. Se existe uma tentativa de aproximação entre os preparos do psicopata para o assassínio da vítima (o recolhimento de certos dados, a observação de algumas ações da moça) e o ato da realização cinematográfica (numa primeira ocasião a escrita do roteiro; num segundo o início de uma decupagem, a preparação para as "filmagens") não seria de modo algum equivocado suspeitar que esta analogia interessa e muito a Argento: ela retornará a vários de seus filmes (A Mansão do Inferno, Tenebre, Terror na Ópera, Síndrome Mortal, Insônia) e se configurará num eixo temático/narrativo fundamental de sua obra. Um cinema constituído por fluxos – No entanto são todas as cenas seguintes que revelam ao espectador aquilo que mais importa a Argento: é a feroz perseguição noturna numa garagem de ônibus pontuada pelos cuidados do diretor no corte/costura formal (montagem brilhante, fotografia idem) e pela trilha jazz de Ennio Morricone; é a distância que separa a primeira vítima da câmera de Vittorio Storaro, uma distância invadida por carros, prédios, calçadas e ruas de uma Roma capturada com o nervosismo e zelo de quem está dirigindo o primeiro filme; são as portas de vidro na galeria de arte que prendem o escritor Sam Dalmas ao tentar socorrer a marchand Monica Ranieri, recém violentada e esfaqueada pelo maníaco de chapéu largo e capa de couro escura; é o incrível zoom - dos mais belos que este limitado recurso já ofereceu - que ilustra a alienação do protagonista ante a vastidão de uma grande cidade enquanto procura sua namorada, desaparecida. Tendo como princípio um cinema de imagens fortes e marcantes, são justamente os espaços, as estruturas que os compõem e o fluxo de objetos por entre estes que Argento busca privilegiar, que formam o centro nervoso de uma idéia que percorre toda sua obra: de que algo - atalhos, ligações, desdobramentos e deformações - existe e circula por entre estas imagens. É esta a acepção que em grande parte vem singularizando o percurso deste autor que há mais de 30 anos traça uma obra significativa ao estabelecer um diálogo entre a iconografia do suspense whodunit e uma duradoura tradição da arte italiana, a ópera, com a forte presença dos cinemas novos, de um cinema moderno que teve notável expressão durante boa parte dos anos 60 e 70. Imagem, um ponto final; na montagem, o questionamento – Em Prelúdio Para Matar, logo após testemunhar o assassinato da parapsicóloga Helga Ulman, o pianista inglês Marcus Daly se dirige ao apartamento no qual o crime ocorreu. Passando rapidamente pelo corredor que leva ao quarto onde a vítima se encontra, Marcus nota a presença de vários quadros, retratos que possuem apenas uma característica em comum: um mesmo grupo de faces indistintas, disformes, que passam a impressão de buscarem uma forma, qualquer semblante que lhes dê uma identidade. Um desses retratos, um que revelou alguma propriedade ausente nos outros, será o mote da investigação que o pianista empreenderá pelo resto do filme. É esse o mecanismo funcional, certamente o mais importante, de toda a obra de Argento: o protagonista precisa remontar ou desconstruir uma imagem específica relacionada a um assassinato que presenciou - uma imagem que possui algo de ambíguo, algo que não parece resistir à lógica que a cena testemunhada aparentemente obedece - e que acabará o transfigurando de observador passivo a investigador. Mais do que um formalista cuidadoso e um perfeccionista na encenação, Argento é um pensador da forma cinematográfica, alguém que só se interessa pelo plano bem realizado ou pelo corte mais bonito quando por detrás destes existe um raciocínio ou a relação entre uma causa (idéia) e seu efeito (representação cinematográfica). Se seus personagens passam um filme inteiro problematizando e trabalhando em cima de uma determinada imagem que em certo instante provocou a necessidade do questionamento - de uma reação crítica diante do mundo tal qual este se apresenta - é porque Argento tenta ilustrar um ideal, uma filosofia e teoria de cinema na qual acredita perseverantemente: de que uma imagem não basta, de que é necessária sua fragmentação, de que ela por aquilo que aparenta representar não é suficiente para se chegar a uma verdade ou resolução (a identidade de um psicopata, as causas que levaram determinado indivíduo a se transformar em assassino serial etc.); enfim, de que o que particulariza o cinema (a eterna busca de seus personagens) é justamente a montagem, a recriação que teria como princípio fundar ligações e conexões entre os menores detalhes - dos completamente absurdos aos mais imperceptíveis - de uma ou várias imagens. De Ennio Morricone a Goblin, de suspiros a trovões – Ainda nos créditos de Suspiria um narrador de voz suave relata brevemente o ponto de partida do enredo. Sabemos de imediato quem é Susy Banyon e porque resolveu estudar balé na academia de dança Tanz, mas no instante em que se menciona aquilo que o espectador verá imediatamente após os créditos a agressiva música do grupo italiano de rock progressivo Goblin invade o áudio e toma conta do tempo restante das legendas de apresentação. O filme terá seu início propriamente no desembarque em Friburgo, aonde a bailarina americana Susy chega da viagem que realizou de Nova York à cidade alemã. O exagerado trabalho de iluminação nesta seqüência - vermelhos, verdes e azuis extremamente saturados - serve em grande parte como contraste para o branco (da serenidade, do equilíbrio) do vestido de Susy, e é este o tipo de simbolismo desenvolvido por Argento nas cenas seguintes: uma tempestade parece apontar os transtornos e horrores que estão por vir; um passeio de táxi cujo início remonta Edward Hopper se transformará num delírio audiovisual que em alguns segundos passa de Jean Cocteau a Mario Bava; a sombra assustadora que surge e desaparece no repente de um relâmpago sugere uma pessoa empunhando uma foice; e tudo isso ocorre apenas durante o percurso que levará a bailarina à academia de dança. Tão logo o táxi estaciona na frente da Tanz Akademie e Susy, ainda envolvida por um pesadelo de chuvas fortes e trovões amedrontadores, desce do veículo para tentar algum contato. Neste mesmo instante uma outra moça sai de dentro da academia e começa a berrar ao interfone presente no hall de entrada. Por conta de diversos trovões e do forte barulho de chuva Susy não conseguirá escutar aquilo que a garota berra (lembrando bastante o que a trilha do Goblin faz à narração que acompanha os créditos), e quando esta aparece morta mais tarde surge a necessidade de resgatar este algo que não foi ouvido, que não tomará forma antes de Susy acionar o mecanismo da montagem (desconstrução e recriação), novamente primordial no que dá prosseguimento à narrativa e às pesquisas formais que tanto interessam Argento. Pois como em A Conversação de Francis Ford Coppola e posteriormente Um Tiro na Noite de Brian De Palma, em Suspiria é a aliança entre som e imagem que percorrerá a busca de Susy por uma verdade, por um detalhe que tenha passado despercebido no que testemunhou ao chegar à academia e que talvez revele algo referente ao assassinato da moça que viu berrando. Não é coincidência que esta seja a segunda vez que Argento trabalha com o rock agressivo dos Goblin: à trilha sonora é conferido o importantíssimo papel de depurar e realçar elementos cênicos e imagéticos presentes nas memoráveis cenas de assassinato, exemplares únicos do cruzamento de coreografias dignas de filmes musicais com a plasticidade do horror mais exagerado e artificial (novamente a influência de Bava). Se como disse o diretor em entrevista recente as trilhas compostas por Ennio Morricone destacam o pavor e o medo das vítimas, as trilhas de Goblin (para este filme mas também as de Prelúdio Para Matar, Tenebre e Insônia) celebram justamente os assassinos e seus assassinatos contrastando sons estridentes com vozes sussurrantes, construindo uma sensação de descontrole e desespero através de diversas nuances. É a partir desta associação com os Goblin e de mudanças radicais na sua obra que, com Prelúdio Para Matar em 1975 e Suspiria em 1977, Argento passa de um aprendiz esforçado dos thrillers de Mario Bava e Alfred Hitchcock - e do Fritz Lang de Os Mil Olhos de Dr. Mabuse - para a posição de "maestro" de um terror inequivocadamente italiano, esteticamente requintado e renovador do gênero esboçado por, entre outros, Roger Corman e Terence Fisher. As "Três Mães" e todas as mães; óperas e traumas, essências de um cinema – Definitivamente não é coincidência que um dos filmes de Argento se chame Trauma e que sua trama remonte a de Prelúdio Para Matar. Se geralmente é dito que Argento alcançou sua maturidade artística no intervalo entre este filme e Suspiria é em grande parte porque as pesquisas formais rascunhadas nos seus três primeiros trabalhos (O Pássaro das Plumas de Cristal, O Gato de Nove Caudas e Quatro Moscas no Veludo Cinza) são radicalizadas e resultados mais interessantes são alcançados. Mas o que de fato tanto Prelúdio Para Matar quanto Suspiria possuem de relevância em comparação aos trabalhos anteriores é que existe pela primeira vez um real investimento de Argento numa série de temas que posteriormente se transformam em pontos recorrentes do resto de sua obra: a influência nefasta das ações de uma mãe na vida de seu filho, o choque que perseguirá este pelo resto de sua vida e as conseqüências que surgirão futuramente. Esta resposta ao passado toma forma na série de assassinatos que acabarão envolvendo o protagonista. Influência óbvia da ópera italiana, esta tematização do trauma infantil e da relação tempestuosa entre um filho e sua mãe ganha contornos inacreditáveis em Phenomena: Jennifer Corvino - uma jovem americana sensitiva que vai para a Suíça estudar no internato feminino Richard Wagner por conta do relacionamento conturbado que tem com seus pais - investiga uma série de mortes que andam ocorrendo usando da capacidade que possui de se comunicar com insetos. Durante o percurso que o espectador segue com a jovem algumas das mais belas cenas já filmadas por Argento vão se revelando de pouco a pouco, como a perseguição numa floresta ao som de "Flash of the Blade" da banda Iron Maiden e o uso que o cineasta faz das paisagens suíças. Mas é na conclusão que fica clara a intenção do autor em reunir os melhores momentos de Suspiria e Prelúdio Para Matar ao mesmo tempo em que subverte o mito de Édipo e Alfred Hitchcock: Jennifer descobre que o assassino é uma deformada criança psicopata e que sua mãe - a coordenadora do internato - encobriu os atos de seu filho matando várias das colegas de Jennifer. Certamente o mais escandaloso e idiossincrático dos filmes de Argento, Phenomena marca outro momento crucial de sua carreira, reunindo os temas trabalhados em todos filmes anteriores ao mesmo tempo em que renova estética e formalmente sua obra (desta vez, a influência é o expressionismo e o realismo fantástico) e amplia seu interesse em formatos narrativos diferentes do giallo. Nouvelle Vague, Antonioni e ainda a presença da ópera: Argento, cineasta/crítico – Sem dúvida é o Antonioni de Blowup - Depois Daquele Beijo que antecede Argento no tema da busca e reconstrução da imagem, mas é também a influência de Antonioni que se observa na adoração de Argento por composições e cruzamentos entre a arquitetura urbana mais moderna e a geografia européia de outrora: em Suspiria temos o aeroporto de Munique, a praça Königsplatz e a Tanz Akademie; em Prelúdio Para Matar a recriação do bar da pintura Nighthawks (Hopper outra vez) ao lado de gigantescas esculturas numa praça de Turim e a "villa del bambino urlante"; em Tenebre a praça onde o empresário e agente Bulmer é assassinado e uma casa explorada pela grua Louma num inesquecível plano-seqüência; em O Pássaro das Plumas de Cristal a galeria de arte com suas portas de vidro e belos pedaços da geografia romana (praças, avenidas, construções, garagens etc.); em O Gato de Nove Caudas o instituto Terzi, as ruas e avenidas de Roma numa perseguição de carro e um bar instalado na cobertura de um prédio onde Anna Terzi e o jornalista Carlo Giordani conversam; e obviamente os teatros de ópera, presentes em Quatro Moscas no Veludo Cinza, Prelúdio Para Matar, Terror na Ópera, Um Vulto na Escuridão e Insônia. Trata-se de algo que Argento trouxe de inédito, esta necessidade de tirar a câmera dos estúdios, de explorar espaços públicos e de tentar instaurar o terror em ambientes abertos e amplos, de se livrar do império das máquinas pesadas e das dollys para trazer à criação do suspense o nervosismo da câmera de mão. É desta maneira que o cineasta traz uma abordagem despojada e jovem a um gênero que até então só era trabalhado a partir de um modelo classicista perpetuado na literatura e nos filmes, uma modernização que não abandona ou despreza seus precedentes mas os reinventa, e certamente o gosto de Argento pelo emprego de uma iluminação repleta de excessos e sutis significados, assim como a preferência pelos movimentos rebuscados da câmera, não mente: ao mesmo tempo em que se põe na contramão desta tradição é altamente influenciado pela mesma. São nestes aspectos que o jovem cineasta e ex-crítico de cinema do jornal Paese Sera revela a influência dos tempos em que testemunhava em conjunturas bastante próximas a novidade da nouvelle vague e a ascensão de um certo Sergio Leone, cineasta operístico por excelência e o primeiro a perceber seu potencial quando em 1968 o convida para trabalhar, junto com Bernardo Bertolucci, no roteiro de Era Uma Vez no Oeste. O gosto pelo espetáculo e a forte influência de um período em que a crítica cinematográfica defendia uma série de renovações formais e ideológicas no que era produzido então: Argento é este paradoxo da união de ideais tão distintos. E mesmo com todos os horrores uma grande fé resiste; ao mundo o direito de ser mundo – Até aqui já se discutiu sobre estética, formatos narrativos, Argento como um pensador da forma, seu estilo, suas predileções temáticas e como todas estas características formam um cinema ou uma idéia de cinema. Mas se chegamos a apenas uma conclusão, a de que Argento possui um olhar peculiar e pensa muito bem os elementos que constroem esse olhar, então de nada serviu tudo o que já emulamos até agora se não é feita uma pergunta conseguinte: e como este cinema se relaciona com o mundo, como diante deste o autor posiciona sua câmera? Apesar dos epílogos de A Mansão do Inferno, Tenebre e Síndrome Mortal possuírem um certo pessimismo, o que permanece em outros filmes é a tentativa - ainda que esta venha carregada de pequenas ambigüidades -, a vontade de restaurar o credo de que há beleza no mundo, que existe algo a se esperar de positivo e que as coisas, boas ou más, acabam seguindo seu caminho. Mesmo que existam piscinas de corpos putrefatos (Phenomena) e crianças que cravam agulhas em lagartixas (Prelúdio Para Matar) existe também uma praça em Turim, borboletas, a vastidão das paisagens suíças, a natureza, um amigo bêbado, a beleza de uma estátua, os animais, conversas noturnas, uma chuva que encarde e outra que purifica, corridas de táxi, a arquitetura italiana, os teatros de ópera; existe enfim o mundo, esta partícula imutável que permanece mesmo durante o trânsito dos maiores males. De Brancas-de-Neve (Susy em Suspiria, Jennifer em Phenomena e Betty em Terror na Ópera) a homens da arte (Sam Dalmas em O Pássaro das Plumas de Cristal, o baterista Roberto Tobias em Quatro Moscas no Veludo Cinza, Marcus Daly em Prelúdio Para Matar, o escritor Peter Neal em Tenebre e a seu modo o inspetor Moretti em Insônia), existem pormenores nos personagens de Argento - o controle e a loucura, uma série de virtudes mas também de problemas - que justificam uma valorização do humano, e é justamente na nota de rodapé que Argento mostra a que veio: o que ganha eco ao final de O Gato de Nove Caudas não são as lamúrias do assassino mas a voz da sobrinha do ex-jornalista Franco Arnò berrando "Cookie, Cookie!", tornando claro que após um período de violência a ordem se restitui; o que é refletido na poça de sangue em Prelúdio Para Matar não são os ressentimentos da ex-atriz Martha, autora dos assassinatos, mas a expressão deprimida - pela morte de seu amigo Carlo, por testemunhar o assassinato de inocentes, por ter acabado de perder seu labor ao levar uma machadada no braço e por ter precisado matar o assassino a quem buscava - de um Marcus que chega ao fim de uma jornada violenta e transtornada apenas para perceber que o mundo à sua volta ainda é o mesmo e ainda assim não será mais o mesmo; quem sai da Tanz Akademie ao final de Suspiria não são os devotos de Helena Marcus mas uma Susy transformada, pronta para encarar novamente o mundo após a série de incidentes ocorridos desde sua chegada à Alemanha; quem consegue firmar um reencontro com a natureza ao final de Phenomena não é Frau Bruckner nem seu filho psicopata mas é a mesma Jennifer que no início do filme não deixou que matassem uma abelha e que ao final se reencontra com a chimpanzé Inga, o único resquício de sua amizade com o falecido professor John McGregor; e é este mesmo reencontro com a natureza e com o mundo que figurará de maneira definitiva em Terror na Ópera, no momento em que a jovem cantora Betty se joga no gramado e diz que não se interessa mais pelas coisas que não sejam deste mundo, que só lhe interessa as árvores, os animais, a grama, uma borboleta ou ajudar uma lagartixa presa sob um graveto que talvez represente um acerto de contas com Prelúdio Para Matar e com a fúria, com a angústia presente em outros filmes. Punição e redenção, pecado e renovação; Argento - italiano e católico, filho da ópera, de Luchino Visconti e Sergio Leone mas também de Orson Welles, Fritz Lang e Alfred Hitchcock - é dos poucos cineastas capazes de mostrarem que não é necessária uma distinção entre crença no mundo e crença no cinema (Brian De Palma é outro que vem em mente), que fazer cinema pode ser uma maneira de construir uma visão de mundo. É a eterna busca pela forma que seja o seu próprio conteúdo que talvez melhor ilustre o que nos interessa em Dario Argento.

Me**allica

Ê beleza!!!
Metallica só de graça!!

Adoro Fokas!!!


pq ...elas me fazem rir!

sábado, 6 de março de 2010

Indicados Oscar 2010


And the Oscar goes to........District 9!!!!!

Bluntcards






MEplusHIM=Soul One(s)


How come, girl was there when I needed one How come, girl was there when the song is done Some say, open your eyes to a brighter light Okay, open my arms they were right She was my soul one She felt she was the only one She was the sun, the sky blue eyes She was my soul one Inside, pain in my heart often made her cry Outside, I cursed the birds and the sugar sky How long take to realize she's the one How long until I find my lost and lonely soul one She was my soul one She felt like the only one She was the sun, the sky blue eyes She was my soul one Should of never taken the time 'Cause I found myself living a lonely lie You said, you left to find yourself But I never, no I never got the chance to say good-bye She was my soul one I though she was.......

sexta-feira, 5 de março de 2010

Agonia.


Com a lua eu corro
Pra longe do carnaval de pessoas
È tudo tão velho e familiar
Não considero abrir os olhos
Apenas correr é possível.

Me deixo esperando por regras e atitudes
sem valor no "grande" plano.

O grande e pequeno plano!
rodeado pela fantasia e torpor
palavras com sentido, não estão fazendo sentido algum.

As portas se abrem para tornar a fechar
e não há nada, realmente, que me faça tocá-las.

O medo paralisa.


O medo corre.


Eu corro.


Eu estou paralisada.


Agonia.

Manhattan - Kings of Leon

We're gonna hunt to kill, gonna skin the hide
A yelp and scream and away I ride
And every drop that spills on every plot of ground
It's all for you for what you found
I say, I say
I say, I say
It's gonna take your head
And gonna drive you home
It's gonna keep on, keep on, keep on
And then forever roam

Cold Desert - Kings of leon



Cold Desert
Deserto frio
I'm on the corner, waiting for a light to come on
Eu estou na esquina, esperando uma luz chegar
That's when I know that you're alone
É quando eu sei que você está sozinha
It's cold in the desert, water never sees the ground
É frio no deserto, a água nunca está fácil por perto
Special spoken without a sound
Especialmente para garotas que não falam
You told me you loved me, that I'd never die alone
Você disse que me amava, que eu nunca morreria sozinho
Hand over you heart, let's go home
Mão sob o seu coração vamos para casa
Everyone noticed, everyone has seen the signs
Todos notaram, todos viram os sinais
I've always been know to cross lines
Eu sempre fui conhecido por ultrapassar os limites
I never ever cried when I was feeling down
Eu nunca chorei quando estava pra baixo
I've always been scared of the sound
Eu sempre tive medo do som
Jesus don't love me, no one ever carries my load
Jesus não me ama, ninguém jamais carregou meu fardo
I'm too young to feel this old
Eu sou muito jovem para me sentir tão velho assim
Here's to you,
É você?
Here's to me,
Sou eu?
On to us nobody knows
Ninguém sabe
Nobody sees,
Ninguém viu,
Nobody but me
Niguém além de mim

quinta-feira, 4 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010


Hitchcock. The Master.
Simple like that.

Palavras e atos se escondem através de lentes da legalidade

Um delito é muito mais que seu significado; Nesta palavra se esconde toda a história de uma sociedade que se alimenta de suas estruturas fechadas para perpetuar o poder. Delitos são atitudes que contradizem a lógica societal de uma época, originados por uma ideologia dominante, na medida em que esta impõe valores, oferece explicações e mecanismos de controle das relações individuais que fujam ou questionem de alguma maneira os padrões da coletividade.
O ponto central reside em pensar o delito também como uma reação da subjetividade perante as dificuldades do mundo contemporâneo.
A indistinção entre delito e ideologia dominante, como ditadora de normas e padrões de conduta é a base que circunscreve a história do cárcere enquanto instituição central na contenção dos desvios. O cárcere foi gradualmente substituindo a punição corporal como mecanismo de punição dos desviantes e supressão da criminalidade, com promessa de reestituir os sujeitos, com o intuito de “reeducar”, “ressocializar”, de expurgar os sujeitos de seus atos, para logo após tornar à vida em sociedade.
Os avanços da sociedade industrial e o desenvolvimento científico coexistem em uma aliança que parece de alguma maneira enredar o homem em suas premissas. A dominação o transforma em um ser sem especificidade, alienado, “coisificado”, um produto do sistema.O desenvolvimento trouxe uma ambiguidade não resolvida: Instrumentos que visam por um lado a libertação dos sujeitos podem também se converterem em meios de manipulação ideológica quando se colocam à serviço de apenas uma classe.
Se os interesses econômicos prevalecem na determinação dos fatores gerais da vida cultural, social e política da sociedade, prevalecem tambem as idéias retrógradas, conservadoras que inundam o senso comum através de mídias jornalísticas, banalizando o crime, explicando e se apropriando de um discurso fajuto para sustentar teses que pedem cada vez mais do Direito penal rigidez, como se esta fosse a solução mágica para o problema crescente da criminalidade e da superlotação prisional.
É importante ressaltar que, a princípio o desenvolvimento de um código de punição(o fim do olho por olho) pareceu colocar ao homem a possibilidade de ter sua liberdade e segurança, de retirar e punir da sociedadde os que dela se desviassem e relevar, ao mesmo tempo, o fardo de sujar com sangue as próprias mãos ao deixar de punir o corpo para punir a alma, utilizando o tempo para isso. (Foucault,1977).
Não era mais o simples punir por punir, passava de um caráter meramente retributivo da pena para o caráter de prevenir. A prevenção geral atribuia a pena o fim de evitar novos delitos, resguardando a sociedade e a prevenção especial que agia no sentido de coibir a reincidência por meio da readaptação do apenado a sociedade. Passava ao Estado de Direito a função de conduzir o delitante as normas e conduta desejáveis para a vida em sociedade.
Porém, com a utilização indiscriminada do Direito, os sujeitos são gradativamente condenados a uma nova forma de alienação com a promessa fugaz do fim ou pelo menos supressão da violência por meio da segregação dos delitantes, presos não por seus crimes unicamente mas também por seu recursos (ou falta deles) de ajuste a uma vida digna na era do capital.
Pois o problema da crescente criminalidade ,atualmente, se resolve a curto prazo, com efeitos vistos na área econômica (a prisão como gestão da miséria), na área política assessorada pela mídia (Nunca se prendeu tanto, batidas policiais, mortes ou desaparecimentos de “vagabundos”- leia-se pobre, sem emprego, favelado e não raro – negro). Toda essa nova configuração do Estado providência para o Estado punitivo, Welfare para Workfare (Wacquant,1999) não faz senão esconder o problema da concentração e exclusão social de nosso sistema. É como quase se os sujeitos necessitassem serem curados da própria condição humana. Para a sociedade atual parece ser esse o remédio com a solução mais eficaz, asséptica e rápida: Garante a sociedade um afastamento da doença, do que causa o medo, o mal estar. O objetivo não é curar, embora seja este o prometido na legislação e sim encontrar a melhor e mais econômica maneira de “administrar” esse mal estar. O espantoso é que, assim, o sintoma para qual o remédio foi preescrito deixa de funcionar como elemento deflagrador de questionamentos e se converte em seu substrato, no alimento desta subvida em sociedade.
A cristalização das estruturas sociais e a tentativa de adaptação do homem a uma existência alienada e alienante, são características da evolução da sociedade capitalista, que gere e alimenta tensões, angústias e disposições que o sujeito vive como próprias. Assim, os delitos ocupam papel social de saídas, caminhos que os sujeitos buscam na tentativa de solucionar problemas que lhes são transcendentes.
Tomado como inevitável, o atual modelo social tem sido concebido como o curso natural da história da nossa civilização. Bem como sabemos, a busca de soluções mágicas e ideais igualitários são tão antigas quanto a humanidade, mas o cenário vivenciado por nós enquanto sujeitos do mundo, sobretudo ao que nos diz respeito -o sistema carcerário- é um cenário de gestão da criminalidade e da pobreza.
O quão espantoso é ver o ser humano reagir, defender-se, procurar formas (aqui sem juízo de valor) de adaptar-se ao seu meio, de perpetuar sua vivência? “ O lobo é o lobo do próprio homem”. Estamos entrando em um novo estado de natureza em que direitos humanos e leis não são respeitados ou será que de lá nunca saímos?

Aparências


Sexta-feira, 7 de julho de 2009.
Foi em meados de junho, época chuvosa e fria que o homenzinho tornou-se real. Passeava todos os dias no caminho de folhas secas e terra úmida rumo a estrada principal. Nunca tomei conhecimento do lugar de onde ele veio. Também nunca travei conversa com tal criatura. O fato é que estava sempre apressado, buscando alguma coisa, um errante que esqueceu o caminho que percorreu no dia anterior e o refaz estúpida e sistematicamente. Já chovia menos e as folhas caídas no caminho do homenzinho estalavam mais a sua passagem. Não que fosse necessário qualquer tipo de aviso. Todos os dias bastava o relógio soar quatro da tarde, lá estava ele. Não sei se notava que eu o espiava pela janela. Se notava, fingia que não. Eu gostava disso. O homenzinho me agradava. As pernas curtas, a careca sempre reluzente e imaculada, e os olhos... nunca me foi possível ver-lhe os olhos, coisa que me agradaria muito. Imagino-os de cor estranha, não devem ser humanos. As sobrancelhas raspadas cuidadosamente ao som de Pink Floyd. Sangue pingando sobre a espuma na pia. Um ser sem pai, nem mãe, nem passado ou memória. As folhas apodreceram no caminho do meu caro homenzinho. Eu ainda me sentava na janela e observava a sua passagem como uma criança que não se cansa de ver todos os dias o mesmo desenho, ouvir a mesma música. A emoção de saber o que vai acontecer, esse falso poder vidente. As árvores ganharam nova folhagem, estranhamente coloridas de amarelo dessa vez. Talvez seja essa a cor dos olhos da minha bela criaturinha. Talvez seja por isso que há tempos eu olhava pela janela e via sempre essa tonalidade na paisagem. Foi no dia em que o homenzinho não apareceu na hora de sempre que meu encanto se quebrou. conferi o horário diversas vezes. Quatro e meia, cinco horas. Não, dessa vez ele não viera.Acabei por pegar no sono ali mesmo, no parapeito da janela. Já era noite alta quando o barulho de galhos estalando me despertou. Lá vinha o homenzinho, apressado como sempre. Pode ter sido apenas ilusão causada pelo sono, mas dessa vez tive a nítida impressão de que ele olhou para mim, os olhos brilhando felinamente na noite escura e sem estrelas. Não resisti e desci célere as escadas, me embrenhando no caminho de árvores. Nunca cheguei a alcançar o homenzinho e não sei bem há quanto tempo o persigo. Gostaria de ter trazido um relógio. Assim saberia a que horas passo em frente aquela casa na beira do lago. Todos os dias.