quarta-feira, 30 de junho de 2010

Vida a cores


Vida a Cores

Não ha mais para onde correr

Fecho os olhos

E penso em como seria desistir

A sensação é de desalento

Mas também de paz

Não se importar seria tão bom

Tudo cessaria

A fome, o desejo, a angústia

Não sentir mais

Envolver-se em uma névoa profunda

Ela serve como cobertor

Onde os pensamentos sombrios

Encontram-se encarcerados

E uma simples brisa

Consegue transformá-los em circulo vivo de nutrição

Abrace o medo

Uma onda crescente de pequenas dúvidas e paralisia

Vendo coisas tão erradas e tão pequenas crescerem e se tornarem vazias

Para onde vais? Quem soa como o vento? Quem são vocês? Eu realmente me importo?

Apenas não tenho mais energia

Para discursos desonestos e entreter vocês amigos

E continuar a fingir uma vida a cores

Enxergo tudo sobre o prisma negro

Não posso mais com pretensiosas atitudes e sonhos dissimulados

Caminho sobre fino gelo

A única coisa que me impede de quebrar

È a dor, a comoção que não quero causar

Não nasci para a entrada triunfal, prefiro um atalho,

Qualquer coisa que me afaste das luzes, do espetáculo

Que é essa roleta russa chamada vida

Nessas horas de neblina, nesse dias de chuva,

Nesses meses de tormenta e nesses anos de fúria

O único consolo permanece o ultimo gole, o último suspiro

Da convulsão inexpressiva de seguir sem enxergar,

De engolir a seco, de chorar sem lágrimas

De uma completa falta de sentidos

De sentar e esperar

Que a vida me faça

Esta é a última carta

A última letra, o último refrão

Tudo consome

Eu odeio admitir

Por isso esqueço

Este é o último sonho

Talvez seja pesaroso

Ou não

Apenas não quero saber

Não gosto de ciclos

Não suporto a mentira

Mas eu estou lá

Na ponta da montanha

Pronta pra voltar pro início

E eu sabia de tudo

Mas sempre preferi viver esquecendo

Agora vou dormir no sofá , no centro , no canto , nas ruas

Era tudo tão vazio

É tudo tão vazio

Nunca ninguém me pegou

Eu nunca pisei fora das rachaduras

E não podia acordar ninguém

Andar na ponta dos pés , dissimular a realidade

Arranhar uma nota

E eu não estou mais lá

E eu não sinto muito

Não sinto nada

Odeio desculpas

Simplesmente passo reto

E volto ao início

Ao fim da tinta, uma nova cor

Ao fim de uma música, mais uma pequena dor

Cultivada sem cuidado

E esquecida em um pequeno canto da sala vazia

Onde teço teias

Que amarro por toda a casa

Pequeno ruído incessante

Me diz que eu já estive aqui antes

E já tentei

E teve um tempo, que eu estava indo

Mas lembro como cada suspiro gritava não

Talvez seja o mais próximo da realidade

Tudo o que eu aprendi foi como esconder

A última dança, o último aceno

Grita pra sair

Abraçando o vácuo

Plante seus pés

No chão

Você vai cair

E eu não me importo

Não há tempo pra questionamentos

Não me conte nada

Não olho mais pra trás

Esta é a ultima carta.