quarta-feira, 30 de junho de 2010

Esta é a última carta

A última letra, o último refrão

Tudo consome

Eu odeio admitir

Por isso esqueço

Este é o último sonho

Talvez seja pesaroso

Ou não

Apenas não quero saber

Não gosto de ciclos

Não suporto a mentira

Mas eu estou lá

Na ponta da montanha

Pronta pra voltar pro início

E eu sabia de tudo

Mas sempre preferi viver esquecendo

Agora vou dormir no sofá , no centro , no canto , nas ruas

Era tudo tão vazio

É tudo tão vazio

Nunca ninguém me pegou

Eu nunca pisei fora das rachaduras

E não podia acordar ninguém

Andar na ponta dos pés , dissimular a realidade

Arranhar uma nota

E eu não estou mais lá

E eu não sinto muito

Não sinto nada

Odeio desculpas

Simplesmente passo reto

E volto ao início

Ao fim da tinta, uma nova cor

Ao fim de uma música, mais uma pequena dor

Cultivada sem cuidado

E esquecida em um pequeno canto da sala vazia

Onde teço teias

Que amarro por toda a casa

Pequeno ruído incessante

Me diz que eu já estive aqui antes

E já tentei

E teve um tempo, que eu estava indo

Mas lembro como cada suspiro gritava não

Talvez seja o mais próximo da realidade

Tudo o que eu aprendi foi como esconder

A última dança, o último aceno

Grita pra sair

Abraçando o vácuo

Plante seus pés

No chão

Você vai cair

E eu não me importo

Não há tempo pra questionamentos

Não me conte nada

Não olho mais pra trás

Esta é a ultima carta.

Um comentário:

  1. Passando por aqui e sigo-o, sua sensibilidade não deve-se deixar passar ao largo...
    Abçs!

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